• Quinta, 25 de Setembro de 2025

Indústria da construção para o agro consolida MS como polo de desenvolvimento

Obras de silos, armazéns e barracões mobilizam milhares de trabalhadores e fortalecem a infraestrutura rural.

JOELSO GONçALVES

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Construção de unidades de armazenagem vem fortalecendo o Agronegócio no MS. Na foto novo entreposto da Coamo Cooperativa, que está sendo construído em Itaum, Dourados(MS).

Aral Moreira (MS) – O agronegócio segue firme como um dos grandes motores da economia brasileira e, no Mato Grosso do Sul, ganha ainda mais relevância. O Estado tem se consolidado como peça-chave para o desenvolvimento econômico e social do País, ampliando sua participação no cenário nacional e atraindo investimentos que movimentam diferentes setores gerando mais empregos dentro e fora do país.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), somente no primeiro semestre de 2025 o setor industrial sul-mato-grossense foi responsável pela criação de 10,5 mil novos postos de trabalho. O número representa 39% de todo o emprego formal criado no Estado no período, reforçando o peso da indústria na economia regional.

Um destaque importante é a construção civil, que concentrou mais da metade dessas vagas gerando emprego tanto para sul-mato-grossenses como para quem vem de outros estados e até países, evidenciando a força desse segmento na geração de emprego e renda.

Dinamismo econômico

Segundo a Fiems, o Mato Grosso do Sul consolida-se como um dos estados mais dinâmicos do país no cenário econômico e industrial. Entre os fatores que sustentam esse crescimento, estão: investimentos robustos em diferentes segmentos; crescimento consistente do Produto Interno Bruto (PIB); e na expansão de setores estratégicos que fortalecem a base produtiva estadual.

Papel da agroindústria

E nesse processo, a agroindústria de transformação exerce papel central. Além de agregar valor à produção primária, amplia a competitividade e gera emprego e renda em larga escala. O setor reúne atividades como a produção de proteína animal (carnes e laticínios), processamento de soja e milho, usinas de açúcar, etanol e bioenergia, além da fabricação de celulose e de toda a cadeia de base florestal.

Ainda conforme a FIEMS, só no primeiro semestre de 2025, a estrutura da agroindústria de transformação no Mato Grosso do Sul, foi composta por, aproximadamente, 600 empresas ativas e cerca de 80 mil trabalhadores formais diretamente empregados, o que corresponde a 47% do total da indústria estadual.

Em relação ao PIB Industrial, a agroindústria responde por cerca de 50% do total. E para até o final de 2025, a estimativa é que o setor feche o ano em R$ 25 bilhões em valor adicionado, consolidando-se como motor da economia estadual.

Vale lembrar que em 2024, com as exportações, o desempenho do Estado no setor também impressionou: foram mais de US$ 6,2 bilhões, com produtos enviados para mais de 140 países, o que representou mais de 90% de toda a exportação da indústria sul-mato-grossense.

Construção agroindustrial e empregos

Para a Federação, a demanda crescente por estruturas voltadas ao campo – como silos, barracões e armazéns – abre oportunidades para engenheiros, pedreiros, carpinteiros, operadores de máquinas e diversos outros profissionais.

Esse movimento tem tornado o mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, valorizando a mão de obra local e, ao mesmo tempo, atraindo trabalhadores de diferentes regiões do Brasil e até do Mundo em busca de novas oportunidades no Estado.

*Um governo sustentável*

No inicio de setembro deste ano, o governador Eduardo Riedel reforçou a veracidade os dados acima em uma palestra durante evento da CEBRI (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), no Rio de Janeiro ao destacar o crescimento industrial sustentável de Mato Grosso do Sul e a relevância do agronegócio para a economia estadual.

Há 25 anos atrás éramos um Estado eminentemente agrícola, hoje é agroindustrial. Estamos focados nos eixos de desenvolvimento para que amplie esta industrialização, que já chegou na proteína animal, grãos direcionados para energia ou alimento, cana de açúcar na produção de etanol e energia, assim como a celulose. Estamos avançando na cadeia de produção como um todo, para ganhar valor agregado cada vez maior”, afirmou o governador.

Construção civil no agro gera empregos em MS

Dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC) revelam que em 2024 a construção civil voltada ao agronegócio desempenhou um papel estratégico na geração de empregos em Mato Grosso do Sul. Esse setor se destacou especialmente nas obras de infraestrutura de armazenagem, irrigação e logística, financiadas com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).

Em todo o ano de 2024, o programa destinou cerca de R$ 245,9 milhões para projetos de estocagem e R$ 66 milhões para iniciativas de irrigação no Estado, além de valores destinados à infraestrutura econômica. Esses investimentos garantiram empregos diretos na construção de silos, armazéns e sistemas de apoio à produção, além de postos indiretos relacionados à operação e manutenção dessas estruturas.

Geração de empregos que vem desde 2024

Segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o mercado de trabalho sul-mato-grossense registrou, em 2024, um total de 670.269 empregos formais. A agropecuária representou 14,43% desse volume, com 96.704 vagas. Já a indústria somou 129.125 empregos (19,26%), enquanto a construção civil respondeu por 28.380 postos (4,23%). O comércio e os serviços lideraram a participação, com 23,18% e 38,89%, respectivamente.

Esses números revelam a importância da construção civil associada ao agro, que, mesmo com participação menor no total, é decisiva para sustentar o crescimento produtivo do Estado.

Para sustentar esse crescimento, o governo estadual mantém linhas de crédito do FCO voltadas à modernização da base produtiva. Entre os principais programas de 2024, estiveram incluídos:

FCO Estocagem: R$ 245,9 milhões aplicados na construção e modernização de silos e armazéns;
FCO Irrigação: R$ 66 milhões destinados à expansão de sistemas de irrigação;
FCO Verde: R$ 460 milhões para projetos sustentáveis.

Vale ressaltar que esses incentivos reduziram gargalos logísticos e aumentaram a competitividade do agronegócio, consolidando o Estado como referência no setor.

Segundo a Secretaria, a projeção para os próximos cinco anos é de continuidade da expansão industrial ligada ao agro, uma vez que o Estado já atraiu grandes players e mantém um ambiente favorável a novos investimentos, principalmente nos segmentos de celulose, frigoríficos, bioenergia e indústrias ligadas às florestas plantadas.

Amoreira Construtora: referência na construção agroindustrial

Um dos principais destaques nesse cenário é a Amoreira Construtora, de Aral Moreira(MS). Com 17 anos de atuação, a empresa nasceu de uma pequena loja de materiais de construção e hoje é referência nacional em obras voltadas ao agronegócio e também em geração de emprego.

Especializada na construção de silos, barracões e armazéns, a Amoreira atua lado a lado com produtores, cooperativas e cerealistas, entregando estruturas que oferecem segurança, eficiência e rentabilidade a cada safra. Seu portfólio inclui obras em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e até no Paraguai.

Em entrevista ao Aral Moreira News, o proprietário da Amoreira Construtora, Rogério Paulo Thomazoni, relembrou que a escassez de mão de obra especializada foi o ponto de partida para a empresa se firmar no setor agroindustrial.

“Quando fundamos a Amoreira Construtora, há 17 anos, a partir de uma pequena loja de materiais de construção, nosso propósito sempre foi claro: estar ao lado do produtor rural, das cooperativas e cerealistas, oferecendo uma estrutura sólida que garantisse segurança, eficiência e rentabilidade a cada safra”, explicou.

Segundo o empresário, a empresa se consolidou ao longo do tempo justamente por compreender as particularidades do agronegócio, considerado a força motriz do Brasil. “Hoje, temos orgulho em dizer que somos referência em obras para o campo, atuando em diferentes estados e também no Paraguai. Cada silo, barracão ou armazém que construímos vai além do concreto e do aço: é a base para que o produtor alcance resultados melhores, com tranquilidade e confiança”, destacou o empresário.

Rogério concluiu que o impacto da empresa vai além do setor produtivo. “Outro ponto que nos motiva é saber que nosso trabalho movimenta a economia local. Atualmente, geramos cerca de 400 empregos diretos e centenas de indiretos, oferecendo oportunidades para muitas famílias do Mato Grosso do Sul e de outras regiões. Isso reforça o nosso compromisso não apenas com o agronegócio, mas também com o desenvolvimento das comunidades onde atuamos.”

Parceria importante que movimenta a economia do MS

Entre os principais clientes da Amoreira Construtora, o destaque vai para a Coamo Agroindustrial Cooperativa, sediada em Campo Mourão (PR), a empresa é reconhecida como a maior da América Latina.

No segmento da agroindústria, ela tem investido fortemente na expansão de suas unidades de armazenagem em Mato Grosso do Sul, onde já marca presença em 12 cidades, com entrepostos e centros de recebimento distribuídos em importantes regiões produtoras. Atualmente, duas novas unidades estão em construção: uma em Itaum, distrito de Dourados (MS), e outra em Amambai (MS).

E segundo a diretoria da Coamo, ainda há a previsão de uma terceira unidade a ser construída nos próximos meses, desta vez, na região de Sidrolândia (MS), ampliando seu leque de atuação no Estado.

Para o gerente da Coamo em Maracaju, Fábio Luis, os investimentos no setor são fundamentais para dar segurança ao produtor: Queremos garantir locais adequados para armazenar a produção, dando liberdade para o produtor comercializar ao longo do ano. Nosso compromisso não é apenas com os cooperados, mas com toda a sociedade.”

Outra empresa que tem impulsionado o setor é a Royal Agro Cereais. Ela abriu pelo menos cinco novas unidades de armazenagem em regiões estratégicas do estado nos últimos anos.

Segundo o gerente da empresa, Marcelo Branco, “hoje a Royal movimenta cerca de 2 milhões de toneladas de grãos por ano no MS e possui capacidade estática de 350 mil toneladas. Essa expansão tem fortalecido a nossa economia regional e garantindo novos postos de trabalho diretos e indiretos”, destaca.

Aqueles que fazem a "roda da agroindústria girar"

O crescimento do setor também impacta diretamente a vida de quem atua nas obras. Exemplo disso são as trajetórias do engenheiro da Amoreira Construtora, Hugo Otoboni, e dos colaboradores Alberto Julian Romero e Gilson Ezequiel, que compartilharam suas experiências ao site Aral Moreira News durante a atuação em um canteiro de obras da empresa em Dourados.

Hugo Otoboni destacou a oportunidade que encontrou no Mato Grosso do Sul: “Sou natural de Presidente Prudente (SP), mas há mais de 10 anos escolhi o MS como minha casa. Aqui construí minha carreira, minha família e minhas raízes. Hoje já me considero sul-mato-grossense de coração. A Amoreira Construtora me proporcionou crescimento profissional e pessoal, e tenho orgulho de fazer parte de uma empresa que contribui diretamente para o desenvolvimento do agronegócio no Estado.”

Já o armador Alberto Julian Romero, que deixou o Paraguai em busca de novas oportunidades, reforçou como o emprego mudou sua realidade: “Sou de Santa Rosa, no Paraguai, e já trabalho há 1 ano e 6 meses na empresa. A Amoreira Construtora é uma ótima oportunidade e, graças à renda que tenho aqui, consigo dar uma vida melhor para minha família em Santa Rosa (PY).

Outro exemplo é do colaborador Gilson Ezequiel, que encontrou na empresa a chance de continuar sua trajetória profissional: “Atuo há bastante tempo no setor agroindustrial. Estava em São Paulo e agora vim para a Amoreira Construtora, uma empresa referência e que preza pelo bem-estar de seus colaboradores”.

Vale ressaltar que o crescimento industrial em Mato Grosso do Sul demonstra que o Estado não apenas acompanha a expansão do agronegócio, mas também consolida bases estruturais sólidas para assegurar sua sustentabilidade.

Empresas como a Amoreira Construtora, a Coamo Cooperativa e a Royal Agro Cereais demonstram como a indústria da construção civil voltada ao agro é capaz de transformar realidades, gerar empregos e consolidar o Mato Grosso do Sul como um dos pilares do futuro do agronegócio no Brasil.

Produção recorde e seus desafios de armazenagem

Uma pesquisa divulgada no início do mês de setembro pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) revelou que a safra 2024/2025 em Mato Grosso do Sul foi 31% maior do que a anterior, alcançando 27,79 milhões de toneladas de grãos.

No âmbito nacional, esse crescimento, porém, vem enfrentando alguns desafios. Estudos da própria Companhia apontam que até 30% da produção pode ser comprometida por falta de silos e armazéns adequados, o que gera perda de renda e gargalos na cadeia produtiva.

O déficit de estocagem, ainda segundo o estudo, varia entre 120 e 180 milhões de toneladas. No MS, o problema pode impactar diretamente na rentabilidade do produtor e na logística de escoamento da safra.

Porém, apesar dos desafios, o avanço na construção civil voltada ao agro revela que o setor está em transformação no Mato Grosso do Sul. Cada nova obra mobiliza centenas de trabalhadores e fortalece a base de um dos setores mais importantes do Brasil.



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